Nova ameaça
O presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, afirmou nesta quarta-feira (22/10) que a legalização das apostas online fez “explodir” os riscos de lavagem de dinheiro e financiamento do crime organizado.
O dirigente falou sobre o assunto na abertura do 15º Congresso de Prevenção à Lavagem de Dinheiro e ao Financiamento do Terrorismo, promovido pela Febraban em São Paulo.
Para Sidney, expansão das bets exige atenção redobrada dos bancos
Na opinião de Sidney, o Estado brasileiro “errou bem a mão” ao legalizar as bets. A legalização teve início com a aprovação da Lei 13.756/2018, que tratou essencialmente de apostas esportivas, e prosseguiu com uma série de portarias publicadas pelo governo federal a partir de 2023.
“Nós não temos a menor dúvida de que, com a legalização das apostas online, explodiram novos riscos. Riscos que são diretamente relacionados a ilícitos financeiros, ao financiamento do crime organizado, à lavagem de dinheiro”, afirmou.
Segundo o presidente da Febraban, o papel dos bancos diante da expansão das bets é “vigilância absoluta e total intransigência” com dinheiro ilegal no mercado.
“Os bancos terão de monitorar todas as operações de pagamento de apostas online, terão de denunciar todas as operações ilícitas identificadas, e exigir que todos os agentes do mercado atuem com igual rigor para garantir a integridade do sistema”, cobrou.
Famílias endividadas
Sidney também destacou o problema do superendividamento ligado às bets. Para ele, o setor financeiro terá que andar lado a lado com outras instituições, como órgãos de defesa do consumidor, para amenizar o problema.
“Nós, bancos, precisaremos ser braços auxiliares na prevenção ao superendividamento das pessoas que lamentavelmente acabaram sucumbindo ao vício, à mazela do vício”, afirmou.
Foco na prevenção
A abertura do congresso também teve a participação de Ricardo Saadi, atual presidente do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
Saadi afirmou que um dos maiores desafios atuais do setor financeiro é não apenas relatar operações suspeitas às autoridades, mas também ajudar a preveni-las sempre que possível. A tecnologia, segundo ele, será uma ferramenta fundamental para isso.
“Temos que utilizar a ciência de dados, machine learning, não apenas para relatar ao Coaf e a outras autoridades, mas também para prever e prevenir o que pode acontecer em relação à lavagem de dinheiro do sistema financeiro”, disse.
O dirigente do órgão destacou que as próprias organizações criminosas têm feito uso intenso de recursos como inteligência artificial e criptoativos, e falou da necessidade de garantir que a evolução dos mecanismos de controle seja mais rápida e eficaz do que as ameaças.
“Nós estamos em um momento em que o crime organizado é uma criminalidade em rede. Às vezes são pequenas redes criminosas atuando dentro do sistema financeiro”, apontou.
Fonte: Conjur