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Figurões das vendas mentindo para você: o empreendedor vem antes do vendedor

Antes de vender, é preciso criar: por que todo vendedor de verdade é, antes de tudo, um empreendedor

Muita gente não vai gostar do que eu vou escrever aqui. Mas antes de criticar, pense comigo: até os mesmos vendedores são empreendedores. Eles precisam criar um método, testar abordagens, definir preços, entender o mercado, estudar o cliente e construir uma estratégia de vendas. Isso é empreendedorismo. Ou seja, empreender vem antes de vender.

Mas a visão de que muitas pessoas têm da profissão de vendedor é completamente errada. Existe um pensamento enraizado na sociedade de que vender é uma “última opção”. Algo do tipo: “Se nada der certo, viro vendedor mesmo”. Como se vender fosse um fracasso. Mas, se for assim, ser empreendedor é ainda pior. Afinal, antes de vender, o empreendedor precisa criar, investir, planejar e correr riscos.

Sempre que falamos de empreendedorismo, a primeira imagem que vem à cabeça é a de um empresário bem-sucedido, ligado ao lucro, e lucro, no Brasil, virou quase um palavrão. Parece que, se um empresário que lucra, ele está explorando alguém ou cometendo um crime. Mas será que é mesmo?

Vamos inverter essa lógica por um momento. Se um concursado recebe um salário pelo trabalho que faz, ninguém questiona. Salário é uma recompensa justa. Agora, se um empreendedor ganha dinheiro, por que logo o chama de oportunista? O lucro nada mais é do que o salário do empreendedor. Ele arrisca seu tempo, seu dinheiro, sua energia, cria oportunidades para outras pessoas e gera impacto na sociedade. Então, por que ele não pode ser recompensado por isso?

Agora vamos falar sobre vendedores. Se todo vendedor também é um empreendedor, então precisamos entender os diferentes tipos de vendedores que existem:

  • O chato – Aquele que insiste sem estratégia, força a venda e assusta o cliente.
  • O bom – Aquele que escuta, entende o problema do cliente e entrega exatamente o que ele precisa.
  • O persistente – Aquele que sabe que cada “não” o aproxima de um “sim” e continua aprendendo e evoluindo.

Agora, se formos olhar para os empreendedores, a lógica é a mesma:

  • Os que correm menos riscos – Planejem muito antes de agir, testem devagar e validem suas ideias antes de escalar.
  • Os que correm mais riscos – Investem pesado, acreditam que não há potencial de negócio e desejam errar rápido para aprender mais rápido.

Mas aqui vem um ponto que muita gente ignora: empreender no Brasil exige um nível absurdo de coragem (ou loucura, como alguns sabem dizer).

Enquanto em outros países o governo facilita a vida dos pequenos empresários, aqui a carga tributária é pesada, a burocracia é sufocante e, muitas vezes, o próprio governo trabalha contra o empreendedor. Quem sobrevive e cresce nesse ambiente caótico, faz isso em qualquer lugar do mundo.

Os Melhores Empreendedores Que Poucos Valorizam

Quer saber quem são os empreendedores mais inteligentes, estratégicos e subestimados do Brasil? Os vendedores ambulantes.

Pouca gente pensa nisso, mas eles são a definição perfeita de empreendedor raiz. Quer uma prova?

Se você vai a um estádio para assistir a um jogo, quem já está lá antes de você? O vendedor ambulante.

Se você vai a um show, quem já está na porta vendendo capa de chuva antes mesmo de você perceber que vai precisar dela? O vendedor ambulante.

Se você está no trânsito parado e de repente sente sede, quem já está com uma garrafa de água fresca para te vender? Ó vendedor ambulante.

Eles entendem o mercado antes de todo o mundo. Eles sabem onde os clientes são exclusivos, o que vão precisar e qual o melhor momento para oferecer a solução. Isso é visão de negócios. Isso é antecipação de demanda. Isso é empreendedor no mais alto nível.

Mas como esses empreendedores são tratados?

  • São discriminados , porque a sociedade não enxerga como empresários.
  • São maltratados porque trabalham em condições difíceis.
  • São perseguidos , porque, ao invés de serem incentivados, são expulsos das ruas pela fiscalização.

E aqui vem um ponto interessante: muita gente argumenta que os vendedores ambulantes não pagam impostos, não têm alvará, não pagam aluguel. Ok, mas em vez de expulsá-los, por que essa atividade não é regulamentada?

Por que não criar uma categoria específica para eles, que pague um valor justo e tenha contrapartidas do governo, como treinamentos, benefícios e melhores condições de trabalho? Não seria mais inteligente e produtivo do que simplesmente persegui-los?

Se o Brasil quer ser um país que valoriza o empreendedorismo, precisa parar de ignorar os empreendedores e passar a incentivá-los.

A Verdade Que Ninguém Te Conta

Grandes nomes do empreendedorismo, sempre reforçam que o vendedor é uma peça mais importante. Eles dizem que vender é uma habilidade número um, que sem vendas nada acontece, que o vendedor vem antes de tudo.

E eu te digo: isso é uma meia-verdade.

Porque antes de ser vendedor, qualquer pessoa que queira ter sucesso precisa ser empreendedor.

A venda é essencial, mas não acontece sozinha. Antes de vender, alguém precisa criar o produto, definir uma estratégia, identificar um mercado, pensar em um diferencial. Se não houver um empreendedor primeiro, o vendedor nem sequer tem o que vender.

Ou seja, os figurões do mercado não estão mentindo para você completamente, mas também não estão contando a história inteira.

Então, antes de sair por aí achando que vender é o passo número um para o sucesso, lembre-se: o primeiro passo sempre foi empreender.

Agora eu te pergunto: você ainda acha que vender é o “fim da linha”? Ou será que chegou a hora de olhar para o empreendedorismo e a venda como partes inseparáveis ​​do mesmo jogo?

Sérgio Assis
Sérgio Assis
Sérgio Assis é jornalista, gestor público, analista em marketing digital e, acima de tudo, um empreendedor, com visão multidisciplinar e experiência prática e estratégica para explorar oportunidades e transformar ideias em negócios que geram impacto no mercado.

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